Porto e a geminação com Nagasaki

A caminho de 5 séculos de memórias


Um teatrinho mecânico no Museu Histórico e de Etnografia de Tanegashima mostra o português Zeimoto, um dos três que chegou a Tanegashima em 1543, a fazer uma demonstração das armas de fogo ao chefe da aldeia de Nishimura, possivelmente a primeira em todo o Japão.






A Teppo -Ki ou crónica da espingarda, escrita em 1607, em chinês clássico, por um monge da província de Satsuma, a pedido de um neto de Takitaka, faz claras referências aos portugueses.

Francisco Zeimoto foi um navegador português do século XVI, crê-se, com base no Tratado dos Descobrimentos de António Galvão, que terá sido um dos primeiros navegantes a chegar ao Japão, na companhia de António Peixoto e António da Mota, em 1543.


Estes três navegadores estariam na embarcação comandada por Diogo de Freitas, e ao ancorar algures no Sião os três decidiram escapulir-se para a China num junco. Este desviou-se da sua rota devido a uma tempestade e acabaram por aportar no Japão. Francisco Zeimoto aparece mencionado como descobridor do Japão também por Diogo do Couto. Uma outra corrente aponta como descobridores Cristóvão Borralho, Fernão Mendes Pinto e Diogo Zeimoto, mas sabe-se decerto que os primeiros contactos com o Japão foram efectuados por comerciantes e homens em busca de aventura que andavam pela Índia Portuguesa e pela China, podendo Francisco Zeimoto encontrar-se entre eles.

Teriam então Francisco Zeimoto e os seus companheiros António da Mota e António Peixoto aportado ao Japão a 23 de Setembro de 1543, tendo sido este primeiro contacto de portugueses com o Japão relatado pelo cronista Fernão Mendes Pinto. Segundo este cronista, a ilha de Tanegashima teria sido o primeiro lugar visitado pelos portugueses, que espantaram os autóctones não só com o relato de terras e costumes que tinham visto como com a novidade das armas de fogo, visto que o conhecimento da pirobalísticaainda não tinha chegado ao Japão.


Francisco Zeimoto chegou a ofertar a sua arma ao governador da ilha e a explicar o processo de fabrico da pólvora, tal foi o fascínio provocado e a vontade que o navegador tinha de agradecer o acolhimento caloroso que ele e os seus companheiros tinham recebido. Diz ainda Mendes Pinto que cerca de cinco meses depois os Japoneses daquele local tinham já fabricado seiscentas armas de fogo e que quando voltou ao Japão, em 1556, o uso das armas de fogo estava de tal modo disseminado que não havia núcleo rural ou urbano que não contasse com uma porção significativa delas.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Os séculos XV e XVI foram uma época de grandes expedições e consequentes descobertas. Após a chegada ao Brasil, em 1500, os portugueses navegaram para o Japão.

Em 1512, durante o reinado de D.Manuel I, chegam notícias de que existiria um arquipélago, na região onde o mercador italiano Marco Polo, na sua longa viagem pela China, em 1291, tomara conhecimento e que era chamado “Cipango” ou “Ji-pangu”, local onde o sol nasce, em chinês. Não era lenda, como pensavam os contemporâneos do famoso mercador.

Na época os japoneses viviam isolados, pelo facto do país não ter ligação por terra com nenhum outro, e só tinham contacto com a China e Koreia, de onde receberam fortes influências culturais, como a escrita, o cultivo do arroz e o budismo. Mas a informação que o ocidente tinha do Japão ainda vinha de mercadores, que tinham circulado pelo continente chinês. “Uma ilha grande, de gente branca, de boas maneiras, formosos e de uma riqueza incalculável”, descreveu Marco Polo. A descrição deixava o novo país envolto numa névoa de fabulosas riquezas, e quando Cristóvão Colombo descobriu o Haiti, em 1492, estava convencido de que tinha chegado ao misterioso Cipango.


Já em 1540, as informações sobre o Japão estão mais claras, pois barcos japoneses ancoravam nas pequenas ilhas de Liampo (Ning-po), na costa chinesa, e lá tinham contacto com mercadores portugueses. Ancoravam ali também barcos chineses de junco. Foi um desses barcos, segundo a história, que se dirigia para Liampo carregando três portugueses, que sofreu uma violenta tempestade e foi parar na ilha de Tanegashima, ao sul do Japão. A data desse acontecimento é 23 de Setembro de 1543, de acordo com Teppo-ki (crónica da espingarda), escrito no Japão no início do século XVII.


Teppo-ki narra a introdução da espingarda pelos três náufragos portugueses e descreve as observações do chinês que actuou como intérprete dos estran
geiros:
“Estes homens bárbaros do sudeste são comerciantes. Compreendem até certo ponto a distinção entre superior e inferior, mas não sei se existe entre eles um sistema próprio de etiqueta. Bebem em copo sem o oferecerem aos outros; comem com os dedos, e não com pauzinhos como nós. Mostram os seus sentimentos sem nenhum escrúpulo. Não compreendem os caracteres escritos. São gente sem morada certa, que troca as coisas que possuem pelas que não têm, mas no fundo são gente que não faz mal”.

O padre Francisco Xavier, que se encontrava em Málaca, na China, tomou conhecimento da descoberta do Japão pelos portugueses e ao conhecer um foragido japonês chamado Anjiro (que pode ser Ângelo, um nome de baptismo), tomou a decisão de ir expandir a fé cristã no novo país.

San Francisco Javier llegó a la India en 1542. En diez años misionó en diversas regiones de la India de Sri-Lanka (la isla de Ceilán), Malaka, las islas Molucas, Japón, para morir a las puertas de China, en la isla de Sanchón,el tres de diciembre de 1552, a las dos de la madrugada.


Fugindo de uma acusação de homicídio, Anjiro tinha pedido refúgio no navio do capitão Jorge Álvares, que esteve no Japão em 1544. Anjiro acompanhou Francisco Xavier em 1549 ao Japão e o auxiliou no trabalho de cristianização.

Numa das passagens mais curiosas da história, Xavier viaja para Kyoto, e em apenas onze dias verificou a razão porque a catequização não progredia e os japoneses davam pouca atenção às suas palavras: era a pobreza de que fizera voto, e que aos japoneses impressionava mal. Quando soube que o daimyõ (senhor feudal) de Yamaguchi era o mais poderoso do país, dirigiu-se para lá vestindo ricas vestes sacerdotais. O daimyõ ficou impressionado e recebeu de Xavier cartas do vice-rei da Índia e do bispo João de Albuquerque, pedindo autorização para o jesuíta pregar o cristianismo ali. A autorização do daimyõ, datada de 1552, diz:


“Este documento prova que dei licença aos padres vindos do Ocidente, para encontrarem ou construírem um mosteiro a fim de espalharem a lei de Buda”. A última expressão mostra que os japoneses pensavam que se tratava de uma seita budista vinda da Índia. De facto, o daimyõ deu-lhes um mosteiro budista para se instalarem.

Ao mesmo tempo que o cristianismo crescia, o comércio português também foi intensificando com o Japão. Os portugueses circulavam por vários portos e em todos faziam negócios. No Japão compravam prata, cobre, objectos laqueados e espadas. E vendiam sedas e ouro adquiridos na China. Em pouco tempo, Portugal passa a ser o único país a intermediar negócios entre o Japão e a China.


Apesar dos acontecimentos que se seguiram, como a chegada dos holandeses, a expulsão dos portugueses, o fechamento dos portos e o completo isolamento do Japão, a influência portuguesa no Japão pode ser vista ainda na atualidade. E não somente em Nagasaki, onde a presença portuguesa foi mais forte e demorada, mas em todo o arquipélago; atravessando o mar e chegando, curiosamente até o Brasil.

FONTE www.culturajaponesa.com.br

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