Fotograma Feliz Natal, Mr. Lawrence (Furyo), 1983
Nascido a 31 de Março de 1932 em Quioto, no meio de uma família aristocrática e tradicional, Nagisa cedo se interessou por causas estudantis e por política. Licenciou-se em Direito pela Universidade de Quioto, onde liderava actividades estudantis de esquerda, e especializou-se em História Política. Mais tarde, tornou-se crítico de filmes e editor da revista de cinema Eiga Hihyo. Foi nos estúdios Shochiku que aprendeu a filmar, trabalhando como assistente de realização.Nagisa Oshima foi um dos nomes-chave da “nova vaga” japonesa conhecida como nuberu bagu, iniciada em finais dos anos 1950 por uma geração de jovens realizadores que trabalhava dentro do sistema de estúdios nipónico, da qual faziam igualmente parte Shohei Imamura, Kaneto Shindo, Masahiro Shinoda ou Seijun Suzuki. A carreira dos velhos mestres acabava, o cinema era cada vez mais ameaçado pela televisão, um novo público chegava às salas e os velhos estúdios não tinham como não acolher a "revolução" – tal como aconteceria na América à "nova Hollywood".
Fotograma de Noite e Nevoeiro no Japão (Nihon no yoru to kiri), 1960
Night and Fog in Japan | |
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Directed by | Nagisa Oshima |
Produced by | Tomio Ikeda |
Written by | Nagisa Oshima Toshiro Ishido |
Starring | Fumio Watanabe Miyuki Kuwano Takao Yoshizawa |
Music by | Riichiro Manabe |
Cinematography | Takashi Kawamata |
Edited by | Keiichi Uraoka |
Production
company | |
Release dates
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Running time
| 107 minutes |
Country | Japan |
Language | Japanese |
Experimentalista formal incansável e iconoclasta assumido que disse em tempos odiar tudo no cinema japonês, Oshima abandonou os estúdios Shochiku onde iniciara carreira na sequência da controvérsia levantada porNihon no Yoru to Kiri (Noite e Nevoeiro no Japão, 1960). Esta sátira da política japonesa foi retirada de exibição pela companhia, preocupada que o filme tivesse incentivado o assassínio de um político por um membro da extrema-direita. Oshima estabeleceu-se então independentemente e partiu para uma carreira marcada pelas reviravoltas estilísticas. Para Ninja Bugei-cho (Bando de Ninjas, 1967) sonorizou quadradinhos de um popular mangade época; Shinjuku Dorobo Nikki (Diário de um Ladrão de Shinjuku, 1969) construía-se como uma colagem godardiana de ficção, improvisação, documentário e found-footage.
O último filme de Oshima (o segundo à esquerda) foi protagonizado por Tadanobu Asano, Uno Kanda e Takeshi Kitano PASCAL GUYOT/AFP
Se os críticos e estudiosos consideram a sua produção dos anos 1960 como fulcral para a compreensão da sua carreira, a maioria destes filmes foi pouco vista fora do Japão e só começou a ser descoberta no Ocidente com o recente reacordar do interesse na história do cinema japonês.Foram os últimos filmes de Oshima – as obras realizadas a partir de Cerimónia Solene (1971) – a valer-lhe a sua aclamação internacional: a co-produção britânica Feliz Natal, Mr. Lawrence (1983), com David Bowie, e o controverso díptico formado por O Império dos Sentidos (1976) e O Império da Paixão (1978, Melhor Realizador em Cannes). O seu último filme, Tabu, foi realizado em 1999, numa altura em que Oshima se encontrava já debilitado; dois AVC sofridos posteriormente impediram-no de voltar a filmar.
Fotograma de Violence at Noon (Hakuchu no torima), 1966
O escândalo em Portugal
Fotograma de O Império dos Sentidos (Ai no corrida), 1976
Como escreveu Augusto M. Seabra, em 2008, é mais que lamentável que um tão grande cineasta – e seguramente com Fassbinder e Pasolini um dos grandes “cineastas do corpo” – tenha sido remetido para um virtual esquecimento, como se só houvesse a recordar, e porque “escandalosos”, O Império dos Sentidos e O Império da Paixão. O crítico do PÚBLICO escrevia a propósito da exibição pela Cinemateca de Noite e Nevoeiro no Japão, o quarto filme do realizador (depois de Contos Cruéis da Juventude e O Cemitério do Sol), afirmando que este foi a matriz da nuberu bagu, talvez a mais política de todas as “novas vagas” dos anos 60, por certo a mais radical na sua abordagem não só da política como da sexualidade. Noite e Nevoeiro no Japão é seguramente um dos grandes filmes políticos e um dos filmes mais marcantes dos anos 60.
Nagisa Oshima com a mulher e o actor Ryuhei Matsuda em Cannes REUTERS
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